Para mim é uma grande honra e também uma grande responsabilidade falar em nome dessa turma, pois hoje é o dia de festejar a realização de um sonho.
“Não tenha medo de errar”, “Agir como ator, não como aluno”, “Um bom ator é necessariamente um bom observador”, “Justificou, fudeu!”, “Teatro é trabalho e sensibilidade, trabalho e sensibilidade, trabalho e sensibilidade...”. Estas são algumas das frases que ouvimos no decorrer destes dois anos e que tanto martelavam em nossas cabeças e quando paramos para refletir sobre todas as experiências que tivemos nestes dois anos de curso... Nossa! Percebemos que foram tantas! Fazer parte de um projeto inovador como este da Usina de Arte João Donato nos fez crescer como seres humanos. No decorrer do curso, dia após dia, tivemos novas experiências, estávamos sedentos por novos conhecimentos, e os profissionais que aqui vieram, buscavam satisfazer esse desejo de aprender mais e mais.
Foram várias oficinas, com excelentes mestres, e aos poucos cada um ia se identificando com algo, mais com isso ou com aquilo, mas tendo a oportunidade de conhecer novos caminhos para escolher aquele que iria seguir ao término do curso. Difícil até de citar nomes, pois foram tantos aqueles que por aqui passaram, deixando sua marca, repassando conhecimentos, transmitindo sua energia. Profissionais do gabarito de João das Neves, ex-coordenador do curso, que nos ensinou que devemos sempre trabalhar no limite e descobrir as fontes de prazer. Só temos a agradecer aos profissionais que aqui estiveram, pois cada oficina trouxe um aprendizado, fosse de nosso agrado ou não. Bom seria que todas as pessoas tivessem uma experiência tão transformadora como a que tivemos na Usina de Arte, uma forma de rever conceitos, um divisor de águas. Infelizmente chances como esta são raras neste mundo.
Foram muitos os momentos compartilhados nestes dois anos: de alegrias, conquistas, também de dor e de tristezas, mas que se iam quando entrávamos neste teatro, nesta sala de aula. Mais que formar atores, a Usina de Arte formou pessoas sensíveis, pessoas que riem, pessoas que choram. Em outras palavras, cidadãos do mundo.
Usina de Arte: um lugar mágico, que tem um laguinho, que tem um jacaré, que fez nascer uma famosa Lenda da Mulher do Jacaré. Como se esquecer dos bonecos da mini-ópera, como se esquecer das aulas de capoeira? Impossível! Com o passar do tempo fomos percebendo como cada momento deste curso ia se conectando, como um quebra-cabeça, as peças foram se juntando, juntando... E hoje é o nosso dia “levantado e principal”, pois não teria nome melhor para este espetáculo do que “Levantado do Chão”, pois foi do chão que cada um foi levantando e construindo seu sonho, sonho que hoje está sendo concretizado, e que agora percebemos quão importante foi o apoio que um deu ao outro e o apoio de nossos amigos e familiares, que acreditaram que tudo daria certo.
Muitos foram os que ficaram para trás, mas aqueles que perseveraram, enfrentaram as dificuldades, que acreditaram no projeto da Usina de Arte João Donato, que acreditaram sobretudo em si mesmos, estão aqui, empregando ao menos um pouquinho de tudo aquilo que conseguiu assimilar nesses dois anos, e tenho a certeza de que todo o tempo e dedicação que empenhamos neste trabalho é recompensado com o prazer de estar em cena, de contar uma história emocionante como esta, através de algo que nos dá prazer e que fazemos com paixão. E hoje é apenas o ponto de partida para a multiplicação de tudo que aprendemos aqui.
Realizar uma montagem como essa não se dá em um estalar de dedos. Precisou de muito esforço e dedicação de várias pessoas: nosso figurinista Rodrigo Cohen; o dramaturgo Juarez Dias; o cenógrafo Ed Andrade; as costureiras, os técnicos e os demais funcionários da Usina, todos com um único objetivo: o de preparar esse espetáculo. Agradecemos a todos eles, pois cada detalhe é essencial para que uma história tão rica como essa, de José Saramago, não perca sua beleza.
Agradecemos também ao Governo do Estado por esse brilhante projeto que é a Usina de Arte João Donato; à nossa Diretora Cida Falabella, por sua paciência e pela dedicação a este trabalho; à coordenadora da Usina de Arte, Clarisse Batista, por acreditar neste sonho; ao Maestro Roberto Burgüel por suas lindas composições; aos alunos dos Cursos de Música, Artes Plásticas e Cinema e a todos os presentes, pois vocês acreditaram, apoiaram e sonharam junto conosco. E eu gostaria de fazer um agradecimento especial ao Assistente do Curso de Teatro, Clemilson Farias, que à primeira vista pode até parecer um tanto estressado, mas que com suas atitudes, estando sempre disposto a ajudar, demonstrou que possui um coração muito doce. É um grande amigo.
Para finalizar, gostaria de utilizar as palavras do próprio José Saramago, que diz: “aprendamos um pouco com aqueles que do chão se levantaram e a ele não tornam, porque do chão só devemos querer o alimento e a aceitar a sepultura, nunca a resignação”.
Muito Obrigada!
Juciany Santos