Começamos a nos "levantar" em março deste ano, quando, tomados pela força do livro de José Saramago, embarcamos na idéia de Clarisse Baptista de transformá-lo em um espetáculo que unisse as linguagens da música e do teatro, encerrando um ciclo de dois anos de preparação dos cursos da Usina.
Todo mundo sabia: seria uma viagem comprida.
Começamos lendo o livro juntos, depois contando suas histórias. Aprendemos sua linguagem e nos apaixonamos por seus pensamentos e reflexões.
Idas e vindas. De todo lugar chegaram profissionais para ajudar na empreitada.
O trabalho com as palavras, com os corpos, com as imagens.
E veio a força da música, colocando a poesia do livro em movimento.
Assim a Usina de Arte João Donato virou um celeiro, uma fábrica, uma oficina. Teoria e prática juntas, aprendizado diário: tintas, tecidos, madeira, goivas, mãos arrancando de cada material vida, cor, sons, movimento.
Ensaios, repetição, fazer de novo. Mudar, transformar. Um fazer coletivo exigindo disciplina e dedicação, amalgamando o legado de cada artista que passou por aqui.
Devagar os personagens, homens e mulheres que nascem da terra, tomam forma. As notas e canções ressoam. O espaço concreto se torna ficcional, o real vira imaginário.Todos caminham juntos sobre as lonas gastas, o nosso chão. Quantos somos?
Seis meses depois eis-nos diante da possível e concreta forma de sonho.
Agora ele fica completo com a sua presença e por isso nós o convidamos para, junto conosco, caminhar. Boa travessia.
Cida Falabella
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